Xawá (luz) para o mundo todo

“Precisei provar da vida de branco para entender a importância de minha cultura”.

A índia acreana Raimunda Putani Yawanawá, 27 anos, é a primeira Pajé brasileira. Para isso, primeiro precisou vencer a resistência dos sábios da tribo, que não admitiam mulheres na função de Pajé.

Depois enfrentou dura prova de resistência -- ficar um ano isolada na mata, em contato com a natureza, comendo só alimentos crus, sem tomar água, mas apenas uma bebida especial feita de milho. Fez isso na companhia da irmã, Katia Yawanawá, 26 anos, tendo como guias e mestres os velhos Pajés Yawarami e Tata.

“Hoje eu sei quem eu sou. Estou em paz. Minha língua, minha cultura são muito ricas e bonitas. Elas são nossa identidade. Sei da beleza e da força da natureza. Sinto a força do pensamento. Quando ele é firme, não existe nada impossível, nem nada superior ou inferior. Somos iguais nesta passagem pela vida. Cada um com sua função e o poder de seu querer, que deve ser usado sempre para o bem de todos”, ensina a Pajé Raimunda, que já foi casada e é mãe de dois filhos.

Daqui do meu mato eu trabalho muito pela Xawá (luz) para o mundo todo. A gente precisa limpar o coração e redescobrir o amor, a humildade, a coragem de defender a igualdade entre todos e a vida – com tudo de bom e bonito que ela tem”.

Para ler mais sobre o tema: altino.blogspot.com/2006/04/primeira-paj-brasileira.html

(Foto: Altino Machado altino.blogspot.com)